O leite longa vida consagrou-se como uma alternativa altamente segura e confiável para o consumo de leite no Brasil. Apresentada ao país em 1972, a tecnologia que prolonga a vida do leite dispensa qualquer utilização de conservante e preserva as qualidades naturais do produto.
Popularmente apelidado de “leite de caixinha”, o longa vida é resultado da ultrapasteurização, obtida a partir da aplicação da Ultra Alta Temperatura (daí seu nome UHT, sigla para a expressão em inglês Ultra High Temperature). O líquido é aquecido entre 130°C e 150°C por um período de 2 a 4 segundos e, em seguida, resfriado a temperatura ambiente.
Esse tratamento garante a eliminação de todos os microorganismos. A única substância acrescentada ao leite nesse processo é o citrato de sódio, um composto orgânico já presente na composição do leite natural, que garante a estabilidade das proteínas durante o processo de ultrapasteurização. O citrato de sódio é adicionado na proporção de até 0,1g por 100ml.
O citrato de sódio é um estabilizante natural cujo emprego em alimentos está previsto no Codex Alimentarius, conjunto internacional de normas que tem como signatários a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) e é aceito pelo Food and Drugs Administrations (FDA), dos Estados Unidos, e pelo Ministério da Agricultura do Brasil.
Estabilizantes não têm função de conservantes. O leite longa vida, portanto, não tem conservantes. O processo UHT é que garante a sua durabilidade por até seis meses com a embalagem fechada. Sem a proteção do ambiente asséptico da caixinha, o longa vida está sujeito à deterioração comum a qualquer outro leite.
Tamanhas confiabilidade e praticidade garantiram ao longa vida a liderança no mercado de leites fluidos do Brasil. Em 2006, o UHT deteve 76% de participação nas vendas, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV).
As vantagens da embalagem
A caixinha contribui para a durabilidade e a segurança do leite.
A qualidade do leite longa vida pode ser comprovada por dentro e por fora: tão segura quanto o conteúdo é a embalagem do leite UHT. Ela é composta de seis camadas de diferentes materiais: plástico (polietileno), papel e alumínio.
Cada um desses materiais tem uma função na proteção do alimento. O papel corresponde a 75% da composição da embalagem e a mantém rígida. O polietileno, na proporção de 20%, é importante para a aderência das camadas da embalagem e principalmente para proteger o alimento do contato com a camada de alumínio, que bloqueia a luz e o oxigênio e representa 5% da embalagem.
Essa estrutura preserva o leite, mantendo os seus valores nutricionais e as suas características de cor, aroma e sabor ao longo do prazo de validade sem a necessidade de refrigeração.
Para que fique completamente imune a microorganismos e receba em seu interior tão-somente o produto a que se destina, a embalagem passa por um processo de assepsia, que garante a sua segurança ao entrar em contato com o alimento.
Além de contribuir para a durabilidade e a segurança do leite, a embalagem longa vida respeita o meio ambiente, uma vez que é 100% reciclável, e sua principal matéria-prima, o papel, proveniente de fonte renovável.
O custo de distribuição de um produto com embalagem longa vida também é 70% a 75% menor que o de um produto refrigerado. Porém o ganho nesse caso não é somente financeiro: economiza-se combustível e energia.
Isso ocorre porque se transporta mais produto por viagem do que com embalagens de vidro, metal ou plástico pré-formado e, conseqüentemente, fazem-se menos viagens.
A embalagem longa vida permite ainda economia significativa de energia nos supermercados, que não necessitam de sistemas de refrigeração para armazenar o produto.
Longa Vida é reconhecido mundialmente na preservação de nutrientes
O leite Longa Vida tem concentração de proteínas igual ao do leite cru. Assim avaliza a International Dairy Federation, organização que há mais de um século congrega especialistas do setor leiteiro distribuídos em 49 países. Segundo a entidade, o valor nutricional das proteínas jamais é afetado quando exposto a qualquer tratamento térmico, seja a pasteurização ou a ultrapasteurização (UHT). Uma alteração possível nesses procedimentos é a da conformação protéica. No entanto, essa mudança não interfere no valor nutricional das proteínas. Em relação aos teores de cálcio e fósforo, os decréscimos observados são pequenos.
Conforme atesta relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o processo de ultrapasteurização (UHT) preserva as qualidades nutritivas do leite. Comparado ao leite pasteurizado, iguala-se a ele não somente quanto ao valor nutritivo, como também quanto à cor e ao sabor.
Embora o leite se destaque por seu valor nutritivo, não pode ser considerado um grande fornecedor das vitaminas diárias necessárias para o organismo humano. Essa insuficiência é característica do leite cru. Um bom exemplo disso é a vitamina B6, presente em quantidades modestas em qualquer tipo de leite. Para que uma pessoa pudesse suprir a necessidade dessa vitamina somente com leite, precisaria consumir 8 litros do produto por dia. O leite, de qualquer tipo, não supre também as necessidades de ácido fólico e vitamina C.
Segundo parecer técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, elementos como luz e oxigênio são mais prejudiciais às vitaminas do leite que o processamento sob altas temperaturas, característico da pasteurização e do Longa Vida. Ainda sobre a redução nos teores de vitaminas, os níveis observados no leite UHT equivalem-se aos do leite pasteurizado.
O parecer do Ministério da Agricultura sublinha também que o ato de ferver leite em casa, comum a consumidores de leite pasteurizado, prejudica os teores de vitaminas B2 e B6 mais que o processo de ultrapasteurização. O leite Longa Vida é um produto pronto para consumo; portanto, não precisa ser fervido.
Fonte: Ciencia do Leite
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Bom dia! Qual é o leite mais benéfico para o ser humano, o longa vida ou o de saquinho? Há muitas controvérsias a repeito dessa questão, e a cabeça fica à mil.
Olá Dimas!
Inicialmente é essencial que os produtos de origem animal passem por inspeção, que na embalagem venha o selo do serviço de inspeção. A grande vantagem do UHT é possibilitar que o leite fique seguro para consumo por mais tempo, fazendo com que o produto chegue em tempo viável em locais onde antes não chegava, porém é um processo mais agressivo. Na pasteurização o processo é mais ameno, possibilitando uma qualidade sensorial maior, mas a validade menor. Ao fim, o que você preferir consumir desde que seja inspecionado.
Me desculpa a ignorância, mas ouvi falar que coloca-se formal no leite pra ajudar a conservar, da onde surgiu essa falácia?
Bom dia! Na verdade, trata-se de uma fraude, não é uma ação permitida. Se adicionado, é crime e passível de sanções legais.
Recentemente foi descoberto fraudes na composição do leite UHT com o acréscimo de água oxigenada e soda caustica. Porém, foi informado pela indústria que esses componentes são utilizados na fabricação deste tipo de leite e que houve na verdade foi uma falha da dosagem ocorrendo uma superdosagem e não uma fraude de substituição ou reaproveitamento de leite velho.
Isso é verdade?
Em que processo e por que são utilizados água oxigenada e soda caustica no leite?
Bom dia Marcos como vai? Não são permitidos uso desses produtos diretamente nos alimentos, sendo consideradas fraudes. As fraudes podem ser realizadas tanto pelo produtor quanto indústria. Com o avanço dos programas de qualidade na indústria a responsabilidade também aumenta, em especial com as IN 76, 77 em vigor que evidenciam a responsabilidade tanto do produtor quanto indústria. Em paralelo, fica claro a importância de suporte e investimento no sistema de fiscalização par fazer com que o produto final seja seguro e que a legislação seja cumprida. Afinal, uma das principais motivações para contravenções é a certeza da impunidade.
A água oxigenada costuma ser utilizada para diminuição da carga microbiana do leite vindo do produtor. Já a soda cáustica é usada para neutralizar o pH abaixado pela atividade bacteriana alta no leite.
Lembrando que esses fatores não são regra, mas sim exceção. Em casod e detecção de não conformidades é essencial o consumidor fazer reclamação no SAC da empresa e serviço de inspeção.