Tendência para reduzir custos, aumentar raio de entrega e agilizar serviços, o delivery com drones já é possível no Brasil.
Em Tóquio, por exemplo, o Uber Eats já usa drones para entregar refeições. Estes robôs não tripulados possuem faróis quadrados, seis rodas e se movem nas calçadas, com uso de sensores para evitar colisões. Em fase de testes, as entregas por drones estão sendo feitas em apenas alguns bairros da capital, com outras empresas como a Panasonic também testando o modelo. O Japão passa por uma escassez de entregadores de aplicativos e, para isso, a solução precisou de uma mudança nas leis de trânsito para sair do papel.
As entregas com drones foram liberadas no Brasil em 2022
Apesar de parecer algo novo, o delivery de comida com drones chegou ao Brasil em 2022, quando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) concedeu autorização à startup Speedbird Aero a fazer entregas com aeronaves não tripuladas 一 a empresa é parceira do iFood, um dos principais players do segmento de delivery.
A licença concedida pela Anac permite a realização de entregas em rotas BVLOS em áreas urbanas, ou seja, ultrapassando distâncias além do alcance visual do piloto. Foram feitos testes em Campinas (SP) e Aracaju (SE), avaliando a viabilidade da operação e sua segurança 一 com o processo para o licenciamento durando cerca de um ano.
Mas se engana quem acha que as entregas são feitas apenas de maneira automatizada. Atualmente, os drones se dirigem até um centro em que todos os pedidos são levados, chamado de droneport 一 semelhante às cozinhas para delivery compartilhadas, onde entregadores retiram diversos pedidos para entregar. Assim, o humano retira a refeição e leva até o cliente.
Durante testes realizados pelo iFood em Belo Horizonte (MG), foi possível reduzir o tempo da entrega de quarenta minutos para apenas cinco. Ainda não há previsão das entregas por drone serem implementadas pela empresa em grande escala.
Quais os pré-requisitos para o delivery com drones ser usado?
Apesar de permitirem uma redução no tempo de entrega e redução de custos, o delivery com drones não pode ser usado sem seguir algumas regras. Caso o estabelecimento opte por adquirir uma aeronave e fazer entregas cidade afora, sem obter a licença com a Anac, é possível ser penalizado.
Para obter a licença é necessário usar o drone DLV-1 Neo, que pode carregar até 2,5 quilos com uma velocidade de 40 km/h. O equipamento consegue operar em um raio de quatro quilômetros de distância, usando câmeras e conexão 4G para garantir boa conexão e responsividade.
Ou seja: o equipamento precisa ser homologado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), usando frequências que não gerem interferências e eventuais acidentes. Além disso, é necessário cumprir uma lista de 136 itens de segurança no drone entregador, usando apenas rotas pré-definidas.
Não é qualquer pessoa que pode operar a aeronave não tripulada, com apenas operadores habilidades podendo pilotá-los. Assim, o piloto deve se registrar no DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e solicitar voos no sistema SARPAS, que faz o controle do tráfego aéreo.
Para completar, os drones podem entregar apenas itens alimentícios, compras de supermercado e documentos. Já medicamentos, vacinas e outros produtos aguardam autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O que falta para o delivery com drones ser usado em grande escala?
Apesar de seu grande potencial de redução de custos e aumento do raio de entrega em estabelecimentos, o delivery com drones ainda não é usado em grande escala. Além das questões de licenciamento, o investimento para tê-los pode ser considerado elevado para estabelecimentos de menor porte.
Obter o drone específico para fazer entregas demanda um investimento entre US$ 1 mil e US$ 10 mil, podendo chegar a até R$ 51,8 mil. Além disso, o salário mensal de um operador de drone varia entre R$ 1 mil e R$ 6 mil 一 como apontado por levantamento do portal Viacarreira.
Além disso, o uso da solução não pode ser feito sem contar com mão de obra humana para concluir a entrega. Profissionais autônomos, os entregadores de aplicativo costumam receber remunerações mensais entre R$ 1,98 mil e R$ 3 mil 一 como apontado por pesquisa da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Seja com o uso de robôs e drones, a tendência é que o segmento de delivery ainda seja operado majoritariamente por humanos. Assim, o uso de Dark Kitchens deve se manter como a principal maneira de conseguir redução de custos e ampliação do raio de entrega.
Fonte: Search One Digital