A peste suína africana (PSA) é uma doença causada por um vírus, com potencial de rápida disseminação e que pode causar importantes consequências econômicas. Na China, milhares de suínos foram abatidos desde que o problema foi detectado no país, já que não existe vacina ou tratamento para a PSA. No Brasil, não há registro de Peste Suína Africana desde 1978 – quando foi erradicada – e a sanidade dos produtos nacionais está elevando a expectativa para as exportações de proteína animal ao longo de 2019. Especialistas consultados pelo Blog avaliaram os impactos na cadeia de grãos, carnes e no mercado acionário do país.
Rabobank afirma que mais de 1 milhão de suínos já foram abatidos na China
Desde agosto de 2018, quando o primeiro foco da doença foi registrado na China, o país já abateu mais de 1 milhão de suínos, segundo dados do Rabobank. Ainda não existe vacina ou tratamento para PSA, por isso os animais precisam ser sacrificados. A redução na oferta no país que é um grande consumidor de suínos, afeta o mercado.
CNA prevê que China vai aumentar em 30% as compras de carnes
Segundo projeção da assessora técnica da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, Ligia Lenat, o Brasil deverá ter oportunidade para o setor de proteína animal.
“A perspectiva do próprio governo chinês é que as exportações de carnes pra lá aumentem 30% e o Brasil é o principal país fornecedor nesse cenário, porque o Brasil tem os certificados sanitários que a China exige e os Estados Unidos – que seriam nosso concorrente direto – ainda tem o imbróglio da guerra comercial”, afirma.
Alta nas ações de frigoríficos em 2019 refletem otimismo com demanda de proteína
As empresas de proteína animal como BRF, JBS e Minerva estão sendo impactadas pela expectativa de incremento de demanda. Segundo dados da corretora Mirae Asset no acumulado do ano , na B3, a JBS acumulou alta de 70%, BRF 38% e Minerva 60%.
“ A medida que a doença avança na China a expectativa é que eles aumentem a demanda. A (demanda) bovina está sendo impactada positivamente, o frango e até peixes. Momentaneamente a demanda não deve parar de subir e a gente deve continuar vendo preços de ações para cima”, afirma do diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer.
FAO teme avanço da Peste Suína Africana e entidades no Brasil temem pandemia
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou para Agências de Notícias nesta semana que está preocupada com o avanço da Peste Suína Africana no Mundo. Aqui no Brasil, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos também apontou preocupação com o risco de uma pandemia. Diante desse cenário, o governo afirma que intensificou medidas para manter o Brasil livre da doença.
Brasil cria Grupo Especial de Prevenção da Peste Suína Africana
A Associação Brasileira de Proteína Animal está preocupada com o avanço da Peste Suína Africana e o risco da chegada da doença no Brasil, por isso, a entidade criou o Grupo Especial de Prevenção da Peste Suína Africana no Brasil (GPS) para debater ações de prevenção.
“A sanidade é um tesouro para nosso país, especialmente, neste momento que a China vai precisar de mais de 16 milhões de toneladas de carne de todas as proteínas. Por isso, estamos pedindo ao nosso produtor, atenção naqueles cuidados mínimos, ninguém pode entrar na propriedade, ninguém pode ter contato com o animal que não seu tratador”, afirma Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
Ministério da Agricultura afirma que vai intensificar ainda mais as fiscalizações
Depois de receber críticas de que a fiscalização ainda estaria frouxa em aeroportos, o secretário de Defesa Vegetal do Ministério da Agricultura, José Guilherme, afirmou que os esforços estão sendo feitos para manter o país afastado dos riscos da doença.
Consultoria prevê menor demanda da China por soja do BR com avanço da PSA no país asiático
“Deve ter impacto na soja, pois a China está diminuindo a compra de soja do Brasil. A expectativa é que a China reduza a importação global em 10 milhões de toneladas e o Brasil deve sofrer com isso”, afirma Victor Carvalho, analista de mercado da Informa Economics FNP.
Segundo Carvalho, no Brasil o enfraquecimento de demanda deve resultar em queda nos preços da soja. “Se por um lado o aumento na demanda do suíno e isso pode nos favorecer, por outro lado o Brasil não tem capacidade de fornecer esse volume todo necessário num curto espaço de tempo, não tem como compensar as perdas da soja com o incremento de demanda por suínos”, afirma.
Santa Catarina, maior produtor de suínos do Brasil, reforça cuidados nas granjas
De acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Santa Catarina, Losivânio de Lorenzi, garantir a sanidade do Brasil é garantir oportunidades para o país ampliar as exportações para outros países.
“Nós estamos sempre alertando os produtores para não deixarem ninguém entrar na propriedade rural Quem viajar também tem que tomar cuidado para não trazer a doença para o Brasil. Mais de 60% das exportações brasileiras de suínos são de Santa Catarina e agora é a oportunidade para que BR e SC se tornem ainda mais exportadores”, afirma o criador.
Publicado por: kellen_severo em 26/04/2019 às 18:11
Fonte: Canal Rural
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