Encorajadas a ficar em casa para não se expor ao novo coronavírus, muitas famílias têm preferido comprar alimentos industrializados, que duram mais tempo na despensa.
O problema é que a opção por esses itens – que tendem a ser mais calóricos e menos nutritivos que comidas frescas – pode no médio prazo acabar deixando seus consumidores mais vulneráveis a adoecer gravemente pela covid-19.
O alerta é do agrônomo brasileiro José Graziano da Silva, que chefiou a agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) entre 2012 e 2019.
Em entrevista à BBC News Brasil, Graziano lembra que a obesidade, doença muitas vezes provocada pela má alimentação, é considerada um dos principais agravantes da covid-19.
O grande número de mortos pela doença nos EUA, onde 42% da população é obesa, reforça a tese. Muitos hospitais americanos têm relatado que grande parte dos adultos internados por covid-19 tem problemas de sobrepeso.
Graziano diz ainda que a maior procura por alimentos industrializados em supermercados tem prejudicado pequenos agricultores, muitos deles dependentes de feiras livres. Com o menor movimento nesses espaços, vários pequenos produtores temem não conseguir manter as atividades e começaram a descartar frutas, verduras e legumes.
“Precisamos valorizar circuitos locais de produção e consumo”, defende.
Hoje consultor do Instituto Comida do Amanhã, Graziano tem passado a quarentena em sua fazenda no interior de São Paulo.
Entre 2003 e 2004, ele foi ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome no governo Lula, quando ajudou a implantar o Programa Fome Zero.
Formado em Agronomia pela USP, é doutor em Economia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde foi professor, e pós-doutor pela Universidade de Londres e pela Universidade da Califórnia-Santa Cruz.
Leia a entrevita completa de José Graziano da Silva aqui.
Fonte: BBC BRASIL
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