Doutorado em computação realizado no ICMC abre possibilidades para que sejam desenvolvidas novas análises e simulações em áreas do conhecimento como a linguística e a física
“Concluir um doutorado não é uma tarefa fácil, demanda muito tempo, empenho e disciplina. Por este motivo, conquistar o Prêmio Capes de Teses significa muito para mim: é o reconhecimento do meu esforço e dedicação durante vários anos da minha vida”. É assim que o pós-doutorando Henrique Ferraz de Arruda traduz o significado da conquista que obteve com a tese Análise multi-escala de línguas e conhecimento por meio de redes complexas, defendida no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
O Prêmio Capes de Teses é fruto de uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Fundação Carlos Chagas, a Comissão Fulbright e o Instituto Serrapilheira, e reconhece as melhores teses defendidas no Brasil, no ano anterior, em diversas áreas do conhecimento. A premiação leva em conta critérios como a originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, além do valor agregado pelo sistema educacional ao candidato. Neste ano, do total dos 49 trabalhos reconhecidos, 12 são da USP, instituição com o maior número de premiados.
A boa notícia chega no momento em que Henrique encerra mais um ciclo em sua vida de jovem pesquisador. Depois de permanecer um ano na Espanha, o pós-doutorando retorna ao Brasil no próximo dia 17 de outubro. Na Europa, fez estágio de pesquisa na Universidade de Zaragoza, no Institute for Biocomputation and Physics of Complex Systems, com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Ao desembarcar no Brasil, Henrique continuará desenvolvendo suas pesquisas na área de redes complexas, sob orientação do professor Luciano da Fontoura Costa, no Instituto de Física de São Carlos (IFSC). O professor do IFSC também orientou Henrique durante o doutorado.
Ele explica que, em linhas gerais, a pesquisa de doutorado premiada envolveu a modelagem, a simulação e a análise de dados (principalmente de textos). Todas essas etapas do trabalho foram realizadas utilizando técnicas da área de redes complexas: “Acredito que isso possa contribuir, com ferramentas, para o desenvolvimento de outras análises e simulações não só na ciências de computação, mas também em áreas como a linguística e a física. Assim, espero que os resultados do meu trabalho sejam utilizados por outros pesquisadores e, principalmente, que sirvam como incentivo para os que estão iniciando”.
Quanto à relevância do ICMC em sua carreira, Henrique diz que é muito grato aos colegas e docentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências de Computação e Matemática Computacional. “Principalmente pelo apoio dado pelo professor Diego Raphael Amancio, que foi muito presente na co-orientação. Outro professor que me influenciou muito foi o Francisco Aparecido Rodrigues. Por isso, esse prêmio reconhece o trabalho que vem sendo desenvolvido por nosso grupo de pesquisa, que envolve diversas pessoas”, completa Henrique.
O pós-doutorando destaca, ainda, os desafios que os pesquisadores brasileiros têm enfrentado em decorrência dos cortes de verbas e do crescente movimento anti-ciência, que atinge todo o mundo. “Por esses motivos, vejo o futuro da ciência no Brasil com grande preocupação, visto que, cada vez mais os brasileiros têm menos incentivo para ingressar na carreira científica”, pontua. “Ademais, tenho observado que é muito comum ouvir relatos de mestrandos e doutorandos que somente conseguem desenvolver seus trabalhos porque fazem tratamentos psicológicos. A reclamação deles é quase sempre a mesma: insegurança e preocupação. Essa é a realidade que acompanha grande parte dos estudantes de pós-graduação. Eu me sinto honrado em ter superado essas barreiras e ser contemplado com este prêmio”, conclui Henrique.
O Prêmio – De acordo com a Capes, a atual edição do prêmio registrou o maior número de inscrições da história: 1.421 teses foram submetidas à avaliação. Ano passado foram 1.142 e, na primeira edição, em 2006, apenas 228. A USP foi a instituição com o maior número de teses premiadas – 12 no total, além de mais 14 que receberam menções honrosas. “Esse resultado mostra o investimento que a USP tem feito para atingir a excelência em seus programas de pós-graduação. Fomos contemplados em todos os campos do conhecimento, o que mostra também a nossa diversidade e a nossa qualidade em todas as áreas. Importante ressaltar que 10% das teses brasileiras são produzidas por pesquisadores da USP”, destaca o pró-reitor de Pós-Graduação, Carlos Gilberto Carlotti Junior.
As menções honrosas serão concedidas em forma de certificados aos autores, orientadores, co-orientadores e ao programa em que foi defendida cada tese. Já os autores das 49 teses selecionadas em cada uma das áreas do conhecimento receberão uma bolsa de estágio pós-doutoral em instituição nacional e seus orientadores, um prêmio para participação em evento acadêmico-científico nacional, no valor de R$ 3 mil.
A partir desses 49 trabalhos agraciados, sairão os vencedores do Grande Prêmio, oferecido ao destaque de cada uma dessas três grandes áreas: Ciências da Vida, Humanidades e Exatas. A previsão é que o anúncio do Grande Prêmio aconteça em dezembro. Nesse caso, os orientadores receberão R$ 9 mil para participação em congresso internacional e os autores ganharão uma bolsa para estágio pós-doutoral de 12 meses em uma instituição internacional. Também serão oferecidos prêmios adicionais pelas instituições parceiras da Capes.
Fonte: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC-USP
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