Uma prática sustentável, que ajuda o meio-ambiente e ainda traz benefícios nutritivos para o consumidor e contribui para a economia do setor. São essas algumas das importâncias do aproveitamento integral do pescado, um conceito que leva a uma maior eficiência para a cadeia produtiva.
A ideia do aproveitamento integral é dar máximo aproveitamento para o recurso natural retirado do meio-ambiente. É assim em diferentes cadeias produtivas, como a bovina, e também pode ocorre no setor pesqueiro, com o uso do recurso retirado da água para diferentes produtos, mas, especialmente, o alimentício.
“Já que está se retirando o recurso pesqueiro da água, então vamos utilizar o máximo possível para a alimentação, as escamas para artesanato, a pele para bolsas, carteiras, sapatos, etc., aproveitar as biomoléculas para a indústria farmacêutica e cosmética. Mas principalmente, para a alimentação humana, é utilizar o máximo possível, utilizando inclusive tecnologias já disponíveis como a da carne mecanicamente separada, para extrair o máximo de ‘carne’ possível do pescado. Esta tecnologia permite aumentar o rendimento de 30% (da filetagem), para 50 a 60%, dependendo da espécie de peixe”, explica Rúbia Yuri Tomita, pesquisadora científica do Laboratório de Tecnologia do Pescado do Instituto de Pesca, um órgão de pesquisa cientifica e tecnológica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Utilizando o conceito de aproveitamento integral do pescado, é possível realizar várias preparações. Por exemplo, aproveitar a cabeça do peixe para fazer pirão, ou para preparar um caldo de base para sopas, utilizar sobras e aparas para preparar bolinho, croquete ou hambúrguer.
A pesquisadora reconhece que há um custo envolvido no processo de aproveitamento integral do pescado. Mas ela lembra que os gastos envolvidos no descarte por quem ainda não adota essa prática traz prejuízos financeiros que poderiam ser sanados como a utilização de partes que inicialmente não seriam aproveitadas.
“Muitos dizem que às vezes é inviável economicamente, mas se incluirmos neste cálculo econômico, o custo do descarte mais o desperdício desta proteína maravilhosa que muitas vezes é descartada pelo baixo rendimento da técnica utilizada, veremos que a equação muda, ou seja, é proteína de alta qualidade sendo jogada fora e “lixo” a mais sendo produzido e descartado”, afirma Rúbia.
Para ela, a evolução da cadeia produtiva tornará cada vez mais natural o proveitamento integral do pescado. “Na proporção que a cadeia produtiva for se organizando e o conceito de aproveitamento integral do pescado, aliado à divulgação da informação e do conhecimento for sendo mais e mais popularizado será algo quase natural, pois leva a maior eficiência da cadeia produtiva como um todo”, comenta.
Neste sentido, o Instituto de Pesca já publicou em parceria com a Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), também da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e da Universidade Católica de Santos, o livro “Aproveitamento Integral do Pescado, da Série Pescado É Saúde”, que pode ser baixado pela internet (https://www.pesca.sp.gov.br/livros_publicacoes/LIVRO_aproveitamento.pdf) e que aborda informações pertinentes a utilização de partes de peixes, crustáceos e moluscos que não são consumidas regularmente e que podem ser inseridas em diferentes preparações e ingeridas pela população.
Fonte: Semana do Pescado.