De acordo com Thiago Bernardino, pesquisador do Cepea, o Brasil precisa procurar novos mercados para não depender tanto do gigante asiático
A China se consolidou em maio como o principal destino da carne bovina brasileira. As exportações do Brasil para o gigante asiático saíram de 40,3% em maio de 2019 para 64,8% no mesmo mês deste ano.
Já no balanço dos principais destinos das exportações de carne bovina brasileira no acumulado de 2020, a China apresenta diferença esmagadora em relação aos outros principais países compradores da proteína.
Para Thiago Bernardino, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a aproximação cada vez maior entre a China e o Brasil no comércio internacional é um dos principais responsáveis por esse desempenho. “A restrição de compras de alguns frigoríficos australianos ajudou as exportações brasileiras, assim como câmbio desvalorizado com a alta do dólar também deixou nossa carne mais competitiva”, disse. De acordo com o pesquisador, a pandemia da Covid-19 também favoreceu esse cenário, levando a China a realizar compras de maiores volumes.
As exportações para o país asiático seguem firmes em junho, segundo Bernardino, e já ultrapassam 100 mil toneladas. Caso o ritmo seja mantido, o Brasil pode exportar entre 150 mil a 160 mil toneladas em todo o mês para a China, embora as tendências do mercado possam mudar. “Temos sempre que lembrar que, quando temos movimentos de alta de compras, também há estocagem, então é preciso observar como a China irá se comportar nas próximas semanas e meses, mas sim, as exportações vêm forte em relação a maio”.
Contudo, o pesquisador do Cepea faz ressalvas sobre a relação de dependência econômica do Brasil em relação à China. Mesmo sabendo da importância em possuir um parceiro tão forte após seguidos anos de atritos políticos no país e uma crise na saúde mundial, ele vê como necessária a busca por novos mercados como Tailândia, Singapura e Indonésia, o que em parte vem sendo realizado pelo Ministério da Agricultura.
“A China ficará cada vez mais atenta na forma com que estamos produzindo, principalmente em questão da contaminação por Covid-19 nos frigoríficos, e isso vai exigir cada vez mais clareza dos produtores, indústria e o do Ministério da Agricultura”, comenta.
Bernardino ainda afirma que é preciso levar em consideração os fatores cambiais Na questão dos preços, Bernardino observa que, por mais que o câmbio esteja desvalorizado, há elevação das cotações tanto no mercado interno quanto internacional. Ele lembra que, no fim do ano passado, houve renegociação de valores por conta de oscilações no valor da arroba.
“Não estou dizendo que irá oscilar, mas é preciso estar atento. Maiores preços aqui no Brasil resultam na valorização do mercado chinês, mas eles ainda precisam da nossa carne e vão continuar precisando, então precisamos estar atentos a esses movimentos”, finaliza.
Fonte: Canal Rural/EXPOMEAT
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