No Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP), alertou que o mundo corre o risco de mais um ano de fome recorde à medida que a crise alimentar global continua a levar ainda mais pessoas à insegurança alimentar aguda. A crise alimentar global é resultado da combinação de choques climáticos, conflitos e pressões econômicas. Para este ano, o plano operacional do WFP é o mais ambicioso de todos os tempos, tendo como prioridade evitar que milhões de pessoas morram de fome, ao mesmo tempo em que trabalha para estabilizar – e, sempre que possível, construir – sistemas alimentares e cadeias de suprimentos nacionais mais resistentes.
Para dar visibilidade a essa temática, diversas ações presenciais e campanhas digitais aconteceram nos últimos dias. No Brasil, um evento no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, reuniu mais de 40 autoridades de 14 países, representantes das agências das Nações Unidas e organismos internacionais para pedir uma mobilização urgente contra a insegurança alimentar, alertando também para a importância de garantir o acesso de toda a população a uma alimentação saudável.
Entre os eventos desta semana, foi realizado, no Rio de Janeiro, o 8º Fórum Global do Pacto de Milão sobre Política Alimentar Urbana (8th MUFPP Global Forum). Com o tema Food to Feed the Climate Justice: urban food solutions for a fairer world, o Fórum buscou explorar como os sistemas alimentares podem se tornar uma das alavancas para alcançar um mundo mais justo, propiciando um espaço para os gestores públicos das cidades transformarem desafios em soluções voltadas à criação de um futuro mais próspero
Na abertura do evento, a vice-prefeita de Milão, Anna Scavuzzo, afirmou que o Pacto é uma jornada coletiva na qual as cidades lançam e discutem as suas políticas alimentares. Segundo ela, a distribuição dos alimentos está ligada à justiça social, ao aumento das iniquidades e a questões climáticas, que considerou um dos maiores desafios das discussões.
“As cidades podem, ou devem, buscar a justiça climática. É isso que nós queremos e devemos buscar juntos. Nosso compromisso é aprender uns com os outros. Cada cidade que trabalha por esse objetivo pode proporcionar meios para superar nosso desafio. Estamos vivendo uma crise sem precedentes e o Pacto de Milão é uma forma de apoiar os esforços”, ressaltou.
Os temas debatidos no fórum incluíram o desperdício de alimentos, resiliência e justiça climática nas cidades, alimentação escolar fomentando a diversidade local e sustentável, alfabetização alimentar como forma de resgate histórico e cultural, políticas alimentares pós-pandemia e agricultura urbana, com intercâmbio de experiências.
Em sua apresentação, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, falou da situação da fome no Brasil, onde, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado em julho, a quantidade de brasileiros que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar chegou a 61,3 milhões de pessoas.
Coordenador da implantação do programa Fome Zero no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-diretor geral da FAO (2011-2019), o brasileiro José Graziano da Silva lembrou ter participado da criação do Fórum de Milão em 2015 e destacou a importância das prefeituras na iniciativa, explicando que elas devem incorporar as áreas rurais e trabalhar com elas na produção dos alimentos e na transformação da alimentação saudável.
Fonte: Centro de excelência contra a fome WFP