Fernanda Vilar Valentini (1)
Aliado ao combate do novo coronavírus vieram novos desafios para proporcionar a segurança de alimentos. É de se esperar que as empresas e indústrias do ramo de alimentos sofressem impacto direto junto à pandemia, com o intuito de sanar as dúvidas e incertezas sobre como manter o padrão de qualidade, entendendo a necessidade para esclarecimento aos profissionais da área de segurança de alimentos frente ao cenário atual. A equipe BRCGS junto aos seus apoiadores realizou o III Fórum de Segurança de Alimentos para que pudessem assegurar aos seus consumidores maior confiabilidade e credibilidade.
Com a temática “Escaneando o Horizonte para Manter a Segurança de Alimentos” a BRCGS com apoio da BRG (Berkeley Research Group) realizou nos dias 11 e 12 de novembro do ano de 2020 o III Forum de Segurança de Alimentos. Em formato webinar, foram realizados seminários online com o objetivo de trazer informações às empresas e indústrias de alimentos sobre quais medidas e programas de autocontrole podem ser implantados para minimizar riscos, proporcionando segurança de alimentos e pessoas envolvidas nesse processo.
John Kukoly, Diretor de certificação BRCGS, iniciou compartilhando que, desde o início da pandemia, possuía como objetivo fornecer orientações através de ferramentas de suporte e webinars para garantir que os clientes conseguissem manter suas certificações. Com isso, foi implementado o uso de tecnologia para efetuar consultorias remotas, tornando-se um desafio devido a confiabilidade de dados de seus clientes, além da importante proteção de dados. Além disso, foram implementadas informações detalhadas sobre medidas a serem tomadas durante e após a pandemia do coronavírus no site da BRCGS. Apesar dos desafios, eles tiveram retorno positivo como aprendizado, capacitação e melhoria de suas operações.
Claudio Iório, Diretor técnico BRG, expôs a opinião da organização não governamental global Comissão Internacional em Especificações Microbiológicas em Alimentos (International Commission on Microbiological Specifications for Foods – ICMSF) que fornece orientações científicas para o governo e a indústria na avaliação e controle da segurança microbiológica dos alimentos. Devido aos estudos estarem ainda em andamento sobre SARS-Cov-2, os protocolos de controle para segurança de alimentos são passíveis de mudanças ao longo do tempo. Apesar de não haver evidencias que o vírus é transmitido por alimentos, é de suma importância a conscientização das boas práticas de higiene alimentar para minimizar a possibilidade de contaminação cruzada.
Marcos d´Avila Bensoussan, Diretor da Divisão de Água da América Latina NSF, ressalta que os perigos da água não estão apenas na ingestão, mas são também correlacionados com a aspiração de micropartículas, estando relacionadas com o novo coronavírus e com a bactéria Legionella, causadora de sintomas similares e que muitas vezes passa despercebida pela indústria de alimentos, onde utiliza-se a análise da água por laudo laboratorial como certificação de que a mesma não oferece nenhum perigo e que muitas vezes os sistemas hidráulicos são o foco do problema. Sendo assim, a Organização Mundial da Saúde implementou o PSA (Plano de Segurança da Água) para garantir que a água utilizada oferece menores riscos.
Juliane Silva Rigobello, Representante BRCGS Brasil, iniciou falando das mudanças que foram necessárias e os desafios devidos ao distanciamento social como previamente mencionado por John Kukoly. Frente a auditoria remota, as vantagens mencionadas foram o baixo custo com o deslocamento e logística, flexibilidade de datas para agendamento com os auditores e menor desgaste da equipe com as viagens que que passam a não ser necessárias. As desvantagens são os custos com bons recursos TIC’s (Tecnologia da Informação e Comunicação), não conseguir acompanhar a inspeção fidedigna dos processos, possibilidade fraudes e o não reconhecimento pelo GFSI (Global Food Safety Initiative) de auditorias realizadas de maneira totalmente remota.
E, por fim, as vantagens das auditorias presenciais, onde há mais facilidade na observação das evidências, entrevistas com os colaboradores para checar as suas reações frente a avaliação, o reconhecimento pelo GFSI, entre outros. As desvantagens apresentadas foram o maior custo de deslocamento e logística e o tempo gasto de deslocamento até os locais.
Luciana Chicarelli, gerente corporativa de Qualidade Bello Alimentos, iniciou relatando que a Bello Alimentos partiu para uma certificação BRCGS no ano de 2018. Com as novas diretrizes de segurança de alimentos, devido à pandemia e obstáculos que foram impostos, principalmente devido às Fake News, houve diminuição da exportação de produtos que atingia a margem de 80%. Foi realizada uma alteração para maior venda no mercado interno, já que o auxílio emergencial aqueceu o mercado e aumento o consumo, para não haver um impacto tão grande na produção e faturamento da empresa. Mesmo com as dificuldades que foram geradas neste momento hostil, a equipe foi fundamental para alcançar a almejada certificação BRCGS.
O Diretor de Certificações BRCGS John Kukoly abordou o tema de sustentabilidade, ética e segurança de alimentos, onde pontuou que o auditor responsável precisa encontrar o equilíbrio entre os aspectos que foram apresentados, já que o consumidor preza e busca tais características. Na busca de alcançar esses objetivos, a BRCGS introduziu o programa ETRS (negociação ética e fornecimento responsável), que basicamente segue 6 princípios: Comércio Ético e Sistema de Gestão de Fornecimento Responsável; Compromisso & compromisso da alta gestão; Boa governança corporativa em vigor; Direitos humanos básicos são respeitados & defendidos; e um ambiente de trabalho é seguro & saudável. Os padrões de trabalho são justos e equitativos para atingir as exigências da GFSI (Global Food Safety Initiative).
Segundo o Gerente Geral da NFS Brasil Fabiane Gallego, o risco de contaminação dos alimentos por produtos químicos ocorre devido a falhas no processamento e manuseio de alimentos. Para minimizar esses riscos a NFS Brasil implementou o Programa Non food Compounds, realizando a certificação dos produtos químicos utilizados nos equipamentos, água, filtros, entre outros, para cumprir todas as conformidades exigidas pela BRC (Berco Truck Components), certificando que o produto segue as normas do programa Food Grade, podendo fazer a verificação desses registros de confiabilidade no site https://info.nsf.org/usda/psnclistings.asp .
Já o Diretor Técnico da BRG, Claudio Iório, postulou que os principais perigos químicos causadores de danos à saúde podem estar situados nas diferentes etapas da cadeia produtiva, seja na etapa primária (agrotóxicos e drogas veterinárias), intermediária (poluentes presentes no ambiente de cultivo, criação e extrativismo) ou final (próprio alimento como o ácido cianídrico, presente na “mandioca brava”), fazendo necessária a implementação de medidas de controle de qualidade para identificar o foco da não conformidade de maneira preventiva. Os produtos químicos com capacidade tóxica comprovada podem promover riscos imediatos a saúde, porém, na maioria das vezes, promovem de maneira tardia, já que agem no organismo de maneira acumulativa. Através do acesso ao Programa PARA, com participação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária fornece, a IDA (Ingestão Diária Aceitável) mensura o limite ingestão diária de substância químicas que representam risco à saúde.
A Gerente Qualidade WQS do Brasil Deise Tanaka, do Programa BRCGS Start, abordou a qualificação na cadeira de fornecimento, esclarecendo a norma BRCGC Star, que é subdivida em partes três partes que são alinhadas ao programa Global Markets do GFSI (Global Food Safety Initiative), oferecem processos de auditoria, permitindo que as empresas aprovadas realizem publicações no Diretório da BRCGS, reconhecendo suas conquistas e outros benefícios ofertados. Este programa é destinado aos produtos fabricados ou reparados no local onde será realizada a auditoria. Esse programa tem como objetivo estimular melhorias nas instalações e desenvolver sistemas de segurança de alimentos para obter a certificação GSFI.
A Diretora de produção Massas Paulistas Simone Zancopé compartilhou sua experiência com o Programa BRCGS Start, onde relatou o processo para conquistar a certificação e os planos de ação instituídos pelos auditores da BRCGS. Notada a necessidade de mudança, foi criado um projeto para os colaboradores chamado “Guardiões dos Alimentos”, podendo assim fazer as alterações, não só estruturais, mas também na execução das atividades como equipe para conquistar a credibilidade dos consumidores.
(1) Fernanda Vilar Valentini é acadêmica de Medicina Veterinária e estagia, presentemente, junto a Editoria Científica do Portal Higiene Alimentar/Revista Higiene Alimentar. 17/11/2020.
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