Unicamp licencia tecnologia para diminuir uso de antibióticos em rações de peixes

PRÊMIO INVENTORES 2022

O uso de peixes na dieta humana é muito recomendado por nutricionistas e especialistas em função de seu perfil nutricional. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, recomenda o consumo de duas porções de pescado por semana, totalizando 250 g semanais. No Brasil, entretanto, a média de consumo ainda não é a ideal e, principalmente, o país apresenta uma discrepância de consumo conforme a região. O consumo do pescado é mais comumente usado na culinária da região norte, enquanto na região sul ainda há prevalência da preferência pela carne vermelha. 

Por outro lado, o aumento da produção de peixe em cativeiro pode ampliar a oferta de pescado e, com isso, possibilitar o aumento do consumo em todas as regiões do país. Mas, apesar da grande potencialidade da aquicultura, ainda há desafios tecnológicos a serem enfrentados para diminuir o impacto ambiental e ampliar cada vez mais a qualidade do pescado voltado para o consumo humano. Neste contexto, uma tecnologia desenvolvida no Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp (CPQBA) pode ser uma aliada para a produção de peixes em maior escala por meio da aquicultura.

A tecnologia trata de uma alternativa natural para prevenção e tratamento de bacterioses na aquicultura. Atualmente, o uso de antibióticos é o principal tratamento aplicado para o controle das bacterioses em peixes, porém, seu uso excessivo pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes e também à poluição do meio ambiente. O desafio de substituir os antibióticos na dieta dos peixes foi tratado na pesquisa de doutorado, desenvolvida na Unicamp pela aluna Renata Antunes Estaiano de Rezende. Sob a orientação da pesquisadora Marta Cristina Teixeira Duarte, Rezende testou 71 óleos essenciais voláteis, até encontrar a composição ativa exata para combater os três principais tipos de bactérias que atingem a produção industrial de peixes e mariscos. 

O resultado da pesquisa é uma formulação feita a partir dos óleos essenciais das espécies de tomilho, tomilho vermelho e alecrim pimenta, que, quando aplicada à ração, resultou no aumento da imunidade dos peixes. “Notamos um aumento significativo na quantidade de leucócitos em peixes que consumiram a ração com a mistura dos óleos”, declara Duarte. Também participaram do desenvolvimento os pesquisadores Rodney Alexandre Rodrigues e Marili Villa Nova Rodrigues, da Unicamp.

A solução foi protegida por meio de patente pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que também foi responsável por negociar o contrato de licenciamento para a empresa Terpenia, constituída com foco para o desenvolvimento de novos produtos a partir de tecnologias inovadoras, advindas da Unicamp.

Para fazer os testes de efetividade da formulação, Rezende fez, durante as pesquisas na Unicamp, um pequeno furo na ração de peixe comercial e inseriu a formulação com os óleos dentro do alimento, alcançando bons resultados em pequena escala. A próxima fase do desenvolvimento é conseguir ampliar a escala, de maneira a produzir um suplemento a partir da formulação. Para esta etapa, a empresa Terpenia está em busca de parceiros. 

Está agendado um webinar com conteúdo sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia para o dia 08 de junho (inscrições abertas ao público geral).

Esta reportagem compõe a série Prêmio Inventores | Texto: Caroline Roxo- Inova Unicamp

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