Pesquisa de universidade italiana aponta que diferencial também ocorre na comparação da carne bubalina com a bovina
Pesquisa do Departamento de Medicina Veterinária e Produção Animal da Universidade Federico II, de Nápoles (Itália), demonstrou que o leite de búfala contêm moléculas bioativas úteis para a saúde humana em quantidades maiores do que as presentes em produtos feitos com leite bovino.
O trabalho científico apontou que o diferencial também vale para a carne de uma e outra espécie. O resultado do estudo foi trazido ao conhecimento dos bubalinocultores brasileiros pelo professor italiano Luigi Zicarelli, ligado à universidade napolitana. Renomado internacionalmente, o pesquisador visita o Brasil há 30 anos e diz que foi no país que conheceu o verdadeiro bem-estar animal.
O leite de búfala, comentou também Zicarelli, possui uma maior relação gordura/proteína, que o torna mais agradável, pois o maior teor de gordura neutraliza o amargor das proteínas. Em energia, o leite de búfala vale de 40% a 60% a mais que o de bovino e em proteína de 36% a 40% a mais.
De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Búfalo (ABCB), a cadeia da bubalinocultura avança e satisfaz produtores e consumidores. A ABCB está comemorando 21 anos da certificação Selo de Pureza que outorga a laticínios que utilizam exclusivamente leite de búfala na produção de seus derivados. A certificação oferece ao consumidor a garantia de adquirir no varejo, por exemplo, o verdadeiro queijo mozzarella, da mesma forma como é fabricado no seu berço, a Itália, há mais de 500 anos – com puro leite de búfala.
Em constante evolução na sua trajetória iniciada em 2000 e que já entrou na terceira década, o programa “Selo de Pureza 100% Búfalo” da ABCB submete as amostras de leite dos laticínios credenciados à análise de uma instituição de alta credibilidade, fundada em 1905: o Instituto de Zootecnia (IZ), vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Laticínios de diferentes Estados e regiões do país detêm a certificação da ABCB e comercializam seus produtos em todo o país. “Com o Selo de Pureza, damos ao consumidor a certeza de estar consumindo leite 100% de búfala, que tem, conforme comprovação científica, poder nutritivo superior”, diz o presidente da ABCB, Caio Vinícius Di Helena Rossato, formado em medicina veterinária.
O leite de búfala também é rico em cálcio, fósforo, vitaminas. Pesquisas genéticas mostram que o leite de búfala é A2A2, portanto, de mais fácil digestão, constituindo-se em alternativa viável para as pessoas com intolerância ao alimento do bovino.
“Espécie do futuro”
Relacionando a pecuária às mudanças climáticas, o professor napolitano prevê que o búfalo deve ser a “espécie do futuro”. Ele lembrou que com a última glaciação do Pleistoceno, o bubalino desapareceu da Europa e do Norte da África e migrou para as áreas tropicais e subtropicais, “mais adequadas às suas necessidades fisiológicas”. Na Itália, relatou Zicarelli, o bubalino, ao contrário da vaca, não reduz a produção de leite e a fertilidade nos meses quentes – pelo contrário, os índices são melhores.