Aos poucos elas foram conquistando espaços, tiveram que provar e comprovar a sua competência profissional para serem aceitas, a princípio pelos próprios colegas, a maioria homens, e, a seguir, na família dos agricultores onde extensionistas, homens ou mulheres, geralmente são acolhidos como amigos ou membros da família. O trabalho de extensão rural é diferenciado, há que se ter aptidão, dom e tem muito a ver com confiança, respeito E continuidade.
As servidoras na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, somam 386 mulheres e representam 30% do quadro. A maioria, a exemplo de outras frentes de trabalho, exerce funções administrativas ou atividades meio e 104 são assistentes agropecuárias, das quais nove estão na sede, em Campinas, e 95 podem ser encontradas à frente de Casas da Agricultura ou escritórios regionais da CDRS em todo o Estado. São em sua maioria engenheiras agrônomas, médicas veterinárias, zootecnistas, nutricionistas, sociólogas, mas também sabem muito sobre psicologia, assistência social, empatia, habilidades que vão desenvolvendo com o passar dos dias e que vêm se somar ao domínio de técnicas e conhecimentos exigidos por suas formações de origem.
Três extensionistas da Secretaria com diferentes formações contam como vêm abrindo espaço em um meio antes dominado pelos homens.
“Quando escolhi a medicina veterinária como carreira imaginava cuidar de pets, mas logo vi que não era minha aptidão; os grandes animais e o campo é que chamavam minha atenção. Daí para atuar na extensão rural foi o caminho natural. Eu era muito jovem tendo que demonstrar conhecimento em um mundo comandado pelos homens, então era preciso mostrar competência, capacidade como médica veterinária para meus colegas de trabalho e para os produtores rurais que também me olhavam com desconfiança. Mas em 20 anos de carreira aprendi muito mais do que ser médica veterinária, aprendi a ser extensionista rural e tenho muito orgulho de ser bem recebida e respeitada em todos os lugares onde atuei. Sinto-me em casa quando visito as propriedades rurais, pois sou tratada como amiga ou alguém da família e o maior orgulho é ver que levamos até os produtores conhecimentos que podem transformar sua atividade e fazer a diferença”. Flávia Vasques, médica veterinária da CDRS Regional Piracicaba.
“Tenho orgulho de ser engenheira agrônoma, doutora em plantas medicinais, formada, na minha época, em ambiente majoritariamente masculino, mas me sinto muito feliz e realizada como mulher e extensionista rural, pois pude aplicar as virtudes femininas neste ofício que requer saber escutar, compreender e ajudar especialmente famílias e mulheres rurais a se empoderarem de seus saberes e da sua força de trabalho. Tive oportunidade de conviver com colegas e agricultoras que me ensinaram muito e foram parceiras na luta pelos direitos das mulheres na sociedade e no campo. As plantas medicinais também foram um fator de aproximação entre nós, pois todos sabem que sempre é a mulher responsável pela saúde da sua família. A mulher é a que planta, colhe e faz remédios com estas plantas, cuidando de sua família e perpetuando os saberes aprendidos com sua mãe, avó, bisavó. Toda mulher tem prazer em trabalhar pela comunidade, pois tem um particular apreço ao bem estar da coletividade. Acredito que o fato de ser mulher me conduziu ao serviço público e à nobreza de sua função em servir, semeando desenvolvimento e prosperidade. Por isso, agradeço sempre por ser mulher, extensionista rural e servidora pública e torço para que mais mulheres exerçam funções públicas como a extensão rural, que promove melhorias no campo, as quais mudam a realidade de mulheres e famílias rurais que, por sua vez, mudam a realidade local, do Estado e de todo o País.” — Maria Cláudia Silva G. Blanco, engenheira agrônoma da Divisão de Extensão Rural da CDRS Campinas.
“Acredito que já conseguimos melhorar a vida de muitas pessoas nesses mais de 30 anos em que atuo no serviço público, em atividades de extensão rural voltadas para a orientação sobre o valor nutricional e melhor aproveitamento de produtos agropecuários e agregação de valor à produção. Durante esse tempo, tive a oportunidade de multiplicar esses conhecimentos e empoderar muitas mulheres, seja de forma individual ou coletiva, extensionistas ou produtoras: ensinamos, eu e outras extensionistas, técnicas simples de transformar os produtos do campo, otimizando os recursos disponíveis, e preparar produtos de excelente qualidade! Com o leite, orientamos a fazer queijos, iogurtes, requeijão, bebida láctea; com a mandioca, bolos, massas e pães; com as hortaliças, diversos produtos em conservas ou minimamente processados; e com as frutas, geleias e compotas; entre outros produtos. Aproveitando as vocações inerentes às mulheres, com empenho e dedicação, muitos empreendimentos rurais foram alavancados e transformaram a realidade de muitas famílias. É gratificante quando recebemos o retorno sobre os progressos desses empreendimentos, principalmente quando geridos por mulheres, pois sabemos que nós, mulheres, precisamos ser guerreiras para superar os preconceitos e as resistências enfrentados no caminho do sucesso.” — Beatriz Cantusio Pazinato, nutricionista da Divisão de Extensão Rural da CDRS Campinas.
São as mulheres da extensão rural paulista, que junto com pesquisadoras e técnicas e demais mulheres atuantes nas mais diferentes áreas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento fazem a diferença, empoderando outras mulheres e conquistando espaço onde não importa ser masculino ou feminino, mas ter coragem e competência para seguir adiante em busca de um mundo melhor.
Fonte: Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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