A tecnologia é baseada em óleos essenciais que substituem antibióticos na alimentação de suínos, contribuindo para a saúde dos animais e controlando a proliferação de bactérias resistentes.
Em um mundo cada vez mais preocupado com a resistência bacteriana e seus riscos para a segurança alimentar do ser humano, pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Universidade Estadual de Campinas (CPQBA Unicamp) avançaram em direção a uma solução mais sustentável. Eles desenvolveram uma tecnologia que combina dois óleos essenciais capazes de controlar o crescimento de uma bactéria que acomete os suínos, substituindo o uso excessivo de antibióticos na ração dos animais.
A invenção com potencial inovador reduz a necessidade de antibióticos artificiais e diminui significativamente o risco de surgimento de bactérias super-resistentes. A tecnologia foi licenciada para a empresa Terpenia Bioinsumos, com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, a fim de oferecer uma alternativa eficaz e natural para o combate às infecções bacterianas no mercado agropecuário.
Sustentabilidade e inovação em pó
A pesquisa responsável pela patente foi liderada por Marta Cristina Teixeira Duarte, pesquisadora da Divisão de Microbiologia do CPQBA, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da empresa Ourofino Saúde Animal. Com o objetivo de desenvolver alternativas naturais para a prevenção e tratamento de bacterioses na cadeia alimentar, a pesquisadora realizou testes in vitro com óleos essenciais isoladamente e descobriu que a combinação de capim-limão e palmarosa era capaz de conter a bactéria Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC), que é comumente infecciosa em suínos, mas também para o homem.
“A ação promissora desses dois óleos essenciais levou à criação de uma combinação que pode substituir o uso de antibióticos profiláticos em animais na pecuária. A tecnologia consiste em adicionar essa combinação de óleos essenciais à ração dos suínos, conferindo um efeito antimicrobiano. Os resultados da pesquisa mostraram que esses óleos essenciais são tão eficazes quanto os antibióticos sintéticos, proporcionando uma solução natural para a saúde dos animais e, consequentemente, para nosso próprio consumo”, explica Duarte.
Para possibilitar a inclusão deste produto natural na ração dos suínos, os óleos essenciais passam por um processo de microencapsulação, realizado pelo pesquisador Rodney Alexandre Ferreira Rodrigues, do CPQBA da Unicamp. Esse processo, conhecido como Spray-Drying (Secagem por atomização), transforma os óleos em um pó para ser adicionado diretamente à ração como um aditivo. Além de tornar o produto menos volátil, a microencapsulação mascara características que podem dificultar a ingestão, como o forte aroma.
Da Unicamp para o mercado na substituição de antibióticos
A tecnologia para uso na ração de suínos incluída no Portfólio de Tecnologias da Unicamp está licenciada, com a intermediação da Inova Unicamp, para a empresa Terpenia Bioinsumos. A empresa é uma spin-off acadêmica da Unicamp e já licenciou outras duas tecnologias também do CPQBA.
O sócio-fundador da empresa, Miguel Peres, comemora o fato de a tecnologia ser de fácil produção. Ele conta que a empresa já desenvolveu todo o ciclo do insumo, desde a interação com fornecedores de matéria-prima até a encapsulação do produto, com a tecnologia Spray-Drying, sendo possível ser utilizada para a produção em larga escala.
“Atualmente, a empresa encontra-se na fase de desenvolvimento de mercado para essa tecnologia, com o objetivo de conquistar clientes, com enfoque na indústria de ração ou diretamente nos produtores finais interessados em testar o produto. O objetivo é viabilizar a produção em escala e expandir a utilização dessa tecnologia promissora no setor”, expõe Peres.
O segundo desafio da empresa para viabilizar a produção e comercialização do produto é a regulamentação pelos órgãos competentes. Wolney Longhini, sócio e responsável pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Terpenia, conta que, mesmo o produto sendo natural e provindo de plantas já conhecidas, o processo de regulamentação da tecnologia segue os mesmos procedimentos que os produtos quimiossintéticos, “o processo de aprovação é tão burocrático quanto, desconsiderando assim as vantagens que os bioprodutos possuem quanto aos impactos ambientais causados”, finaliza Longhini.
PRÊMIO INVENTORES 2023
INVENTORES PREMIADOS NESTE LICENCIAMENTO:
Marta Cristina Teixeira Duarte, Mary Ann Foglio, Ana Lucia Tasca Góis Ruiz, João Ernesto De Carvalho, Glyn Mara Figueira, Rodney Alexandre Ferreira Rodrigues e Dolivar Coraucci Neto foram premiados na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2023.
PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS
Esta reportagem integra a série de matérias elaboradas pela Inova Unicamp a respeito de algumas das tecnologias da Unicamp licenciadas. Você pode acessar esses conteúdos tanto através do site da Inova quanto em formato de ebook na próxima edição da Revista Prêmio Inventores, programada para ser lançada em setembro.
Além disso, um webinar já está programado para o dia 13 de setembro. O webinar abordará o tema “Empreendimentos Baseados em Conhecimento Científico: As Tecnologias da Unicamp na Sociedade”. A inscrição para esse evento está aberta ao público em geral.
Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2023 são: ClarkeModet; FM2S; Interfarma; e Antoniense
Fonte: Agência de Inovação da Unicamp – Inova
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